29 agosto, 2019

UMA REVOLUÇÃO SILENCIOSA QUE BROTA DO CORAÇÃO: RELAÇÃO PROFESSORA-ESTUDANTES, SUBJETIVIDADE E SENSIBILIDADE

SUMÁRIO DE UMA REVOLUÇÃO SILENCIOSA QUE BROTA DO CORAÇÃO: RELAÇÃO PROFESSORA-ESTUDANTES, SUBJETIVIDADE E SENSIBILIDADE
apresentação: esta tese será escrita em primeira pessoa 
    pesquisa autobiográfica
introdução: questão norteadora do estudo, objetivo geral, objetivos específicos e abordagem metodológica 
    olhar fenomenológico, observação participante, estudo casos, autobiografia
capítulo um - diálogo com os teóricos escolhidos
    Tania Zittoun (recursos simbólicos), Vigotski (emoções e arte), Martin Buber (EU-TU)
capítulo dois - descrição dos primeiros casos 
capítulo três - análises preliminares
referências

apresentação

Seis anos atrás, eu era uma recém chegada na UFOB. Lembro exatamente a imagem, o portão trancado, os estudantes acampados dentro do campus reivindicando por melhorias e eu, ali em pé, sem saber qual seria o próximo passo, procurava por um olhar conhecido, uma carinha sorridente de boas vindas. Foi diferente das minhas idealizações e expectativas. 
Quando finalizei a graduação em psicologia eu sabia, desde então, que meu lugar é dentro da universidade. Aliás, já em 2005, quando entrei na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFBA para a primeira aula de psicologia, meu coração sorriu, havia encontrado um lar entre as paredes da universidade. Na varanda de  São Lázaro eu contemplava o mar, novos horizontes. Assim foi na graduação, no mestrado e, um dia ou outro quando dava, na correria do doutorado. Fiz (quase) mágica para estar presente em duas cidades separadas por mil quilômetros. Adormecer na estrada, a dor de crescer foi árida. Segui por dias a fio a incrível trajetória de quem é apaixonada pela academia e ainda assim sabe que tem um raciocínio intuitivo-simbólico e um olhar espiritual e artístico da vida. 
Quando preciso de casulo para ficar quietinha meu acalento são os mergulhos nos filmes baseados em fatos reais e nos romances autobiográficos, são as histórias de vida que curam, aquecem meu coração, alimentam minhas raízes e asas, assim sou preenchida com novo ar, novos horizontes e perspectivas. Reconstrução, reencontro e reinício. Assim, ciclo após ciclo.
Estou aprendendo a ser professora no encontro respeitoso e nos contatos afetivos cotidianos, vejo como um ofício de cuidar de pessoas, tal qual flores. Como professora, sinto-me jardineira, cultivando e nutrindo diferentes plantinhas, cada uma com suas especificidades,  reconhecendo o solo, aprendendo o clima, semeando novas ideias e ao mesmo tempo sendo nutrida por novos rios e perspectivas nunca antes imaginadas. Meu jardim sagrado é essa rede de apoio amorosa que vai sendo configurada, na tentativa de ser ponte e ser farol, entre maestrias, trocas, inspirações, exemplos, tentativas, erros e acertos. Na simplicidade de ser inteiramente quem sou, com a verdade de ser vulnerável, na força de ser frágil e viva. Sendo húmus que aduba, humildemente, nosso ser tão velho, cerrado. Sendo velha enquanto jovem, com sorriso de criança mesmo grande... Assim escrevendo cada página desse meu desafio biográfico de seguir avante em meu canto de amorosa alegria: professora de psicologia. 
Ambivalência e paradoxo, mas vejo mesmo que a elegância está no simples, a beleza no pequeno detalhe, a lição vem no olhar em silêncio, em que tudo é dito e nada, onde nado em fonte fértil. Vou entendendo, passo a passo, a seguir com coragem em direção aos meus medos, de mãos dadas com minha força, meus dons e dores. Sendo eu mesma, professando o melhor que há em mim, imperfeita, incompleta, quebrada, fresta donde surge a luz. Honro e levo em mim cada história partilhada, sangue suor e lágrimas. Criando união da diversidade. Vou aprendendo que a maestria cabe em um humano ser. E como? Como a afetividade e o respeito no contato professor(a)-aluno(a) configura aprendizagem e empoderamento? O contato entre a comunidade acadêmica, histórias que curam? Como a afetividade e o respeito criam laços e catalizam a aprendizagem? Como sustentar um coração aberto, afetividade e intuição no ambiente acadêmico?
Falou Paulo Freire que "é fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz de tal maneira que num dado momento a tua fala seja a tua prática". Afetividade e cuidado como formas de acolhimentro e contribuições para estreitar o vínculo e o pertencimento na comunidade acadêmica. Que assim eu seja, cultivando amorosidade na academia e afetividade como um modo de aprender, sentir e acolher o novo. Acolhimento, suporte, afeto e saúde para ambientes acadêmicos, muitas vezes áridos, competitivos, outras tantas fonte de sentimentos de isolamento e exílio.
Mas, "não existe produto humano que não seja primeiro imaginado" sustenta Vigotski. Aprendendo a educar a imaginação pela experiência intuitiva e cotidiana da poética que é o desenvolvimento. O tornar-se humano, um agente reflexivo, vivo. Sintetizando novas experiências em imaginações possíveis. O pensamento é primeiro imagem, segundo Aristóteles. Então, simulando ações, imagens e movimento, imaginações.Um diálogo entre realidades imaginadas e imaginações possíveis.





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