28 novembro, 2011

Com licença poética - Adélia Prado

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo.  Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
— dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.


2 comentários:

  1. Oi Renata! Obrigada pela visita! Estava aqui dando uma passeada pelo seu blog quando me deparei com a "Metade" de Oswaldo Montenegro. Tive que ouvir e me encheram os olhos de lágrimas, essa música diz absolutamente tudo de mim, adoro o Oswaldo e essa música em particular fui muito importante numa época da minha vida. Valeu pela visita, volte sempre! Qdo quiser encontrar um bom poema, já sei onde procurar!... Beijo grande! Vy

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  2. Olá Vy,

    "Metade" de Oswaldo Montenegro foi fundamental para mim em mais de um momento da minha vida - os quais nomeio de 'noite escura da alma'. Nos momentos mais difíceis e introspectivos ouço essa música e sinto exatamente cada palavra ecoando dentro de mim!!!

    Pois metade de mim é amor...

    Maravilha ter você por aqui!!
    Visite-nos mais vezes e deixe um recadinho!

    um grande abraço,
    Renata.

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